Credo


















Não acho meu caminho: no velado espaço,
Não se avista nenhuma estrela a cintilar;
E não se ouve também nenhum sussurro no ar
De voz vivente, mas um som distante e escasso
Que apenas chega a mim como imperial compasso
De música perdida, para acompanhar
Formosos dedos de anjos, postos a trançar
Grinaldas, onde as rosas não deixaram traço.

Não, não, vislumbre algum, nenhum chamado vem
A quem saúda, com receios tão humanos,
O caos denso e terrível que o negror induz;
Pois através de tudo, – muito acima e além, –
Eu conheço a remota mensagem dos anos,
E pressinto a chegada gloriosa da Luz.


Credo

I cannot find my way: there is no star
In all the shrouded heavens anywhere;
And there is not a whisper in the air
Of any living voice but one so far
That I can hear it only as a bar
Of lost, imperial music, played when fair
And angel fingers wove, and unaware,
Dead leaves to garlands where no roses are.

No, there is not a glimmer, nor a call,
For one that welcomes, welcomes when he fears,
The black and awful chaos of the night;
For through it all – above, beyond it all –
I know the far-sent message of the years,
I feel the coming glory of the Light.


Edwin Arlington Robinson. 

Credo / Credo. Tradução de Paulo Vizioli. In: VIZIOLI, Paulo (Seleção e Tradução). Poetas norte-americanos. Antologia bilíngue. Edição comemorativa do bicentenário da independência dos Estados Unidos da América: 1776-1976. Rio de Janeiro, RJ: Lidador, 1974. Em inglês e em português: p. 48

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