Às vezes me pergunto que razões
Me movem a estudar sem esperança
De precisão, enquanto a noite avança,
O idioma dos ásperos saxões.
No desgaste dos anos a memória
Deixa cair em vão a repetida
Palavra e é assim que a minha vida
Tece e destece a sua exausta história.
Porventura de algum modo, contudo,
Secreto e suficiente a alma sabe
Que é imortal e que seu vasto e grave
Círculo abarca tudo e pode tudo.
Mas além deste afã e deste verso
Me aguarda inesgotável o universo.
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COMPOSICIÓN ESCRITA EN UN EJEMPLAR DE LA GESTA DE BEOWULF
A veces me pregunto qué razones
Me mueven a estudiar sin esperanza
De precisión, mientras mi noche avanza
La lengua de los ásperos sajones.
Gastada por los años la memoria
Deja caer la en vano repetida
Palabra y es así como mi vida
Teje y desteje su cansada historia.
Será (me digo entonces) que de un modo
Secreto y suficiente el alma sabe
Que es inmortal y que su vasto y grave
Círculo abarca todo y puede todo.
Más allá de este afán y de este verso
Me aguarda inagotable el universo.
Jorge Luis Borges, em “Quase Borges: 20 transpoemas e uma entrevista”. [traduções de Augusto de Campos]. São Paulo: Terracota, 2013.
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