A ninguém preciso dizer adeus:
todos têm suas ocupações, e estão longe, embebidos
em seus enganos, que a felicidade imitam.
A ninguém preciso dizer adeus:
nenhum espaço formará lugar de ausência,
pois a presença nunca formou nenhum espaço.
A ninguém preciso dizer adeus:
parece triste partir assim, sem lembrança nem lagrima.
Não é, porém, mais alegre, desaparecer ao longe
sem ter deixado atrás nem lagrimas nem lembrança?
todos têm suas ocupações, e estão longe, embebidos
em seus enganos, que a felicidade imitam.
A ninguém preciso dizer adeus:
nenhum espaço formará lugar de ausência,
pois a presença nunca formou nenhum espaço.
A ninguém preciso dizer adeus:
parece triste partir assim, sem lembrança nem lagrima.
Não é, porém, mais alegre, desaparecer ao longe
sem ter deixado atrás nem lagrimas nem lembrança?
Cecília Meireles, ‘Dispersos (1918-1964)’. em “Poesia completa”.
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