Os esporos de duas aspirinas dissolvem no copo,
os micélios frutificam a água que eu viro láctea.
O mundo inteiro escorrega pelo ralo à minha janela.
Não para de chover desde que você partiu, as ruas escuras
e musculosas com a água. Dolorido e exausto você gozou
na minha boca, cobrindo a língua com seu leite bom e amargo.
Agora descubro que você descontou aquele cheque. Imagino
você deslizando o papel sob o aço e o vidro. Estou sentada aqui
no círculo de luz, estudando mulheres de novecentos anos atrás.
Minha mão entra na escuridão enquanto escrevo, A adúltera
perdeu o nariz e as orelhas; o homem foi multado. Viro o copo.
Ainda quero voltar ao quarto de hotel perto da estação
para ouvir a noite toda os trens de carga entrando e partindo.
Split Milk
Two soluble aspirins spore in this glass, their mycelia
fruiting the water, which I twist into milkiness.
The whole world seems to slide into my drain by my window.
It has rained and rained since you left, the streets black
and muscled with water. Out of pain and exhaustion you came
into my mouth, covering my tongue with your good and bitter milk.
Now I find you have cashed that cheque. I imagine you
slipping the paper under steel and glass. I sit here in a circle
of lamplight, studying women of nine hundred years past.
My hand moves into darkness as I write, The adulterous woman
lost her nose and ears; the man was fined. I drain the glass.
I still want to return to that hotel room by the station
to hear all night the goods trains coming and leaving.
Sarah Maguire - tradução de Rob Packer
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