Devaneio


















Lo giorno se n’andava e l’aer bruno
Toglieva gli animal che sono’n terra,
Dalle fatiche loro.
– Dante


Oh! deixa-me! é a hora onde o horizonte se esfuma,
Esconde a fronte vária sob esfera em bruma,
Hora onde o astro gigante já em rubor sumia.
O bosque amarelado, só, doura a colina.
Pensar que em dias tais em que o outono declina,
Deslustram chuva e sol a floresta que havia.

Quem fará surgir, súbito, fará brotar
Por lá – enquanto estou só na janela a sonhar
E a sombra a se afundar no fim do corredor –
A cidade mourisca, inaudita, vibrante,
Que, tal qual o foguete em feixes fulgurantes,
Dilacera a neblina em setas de auricor!

Que venha inspirar, gênios! afastar do sono
Estas canções escuras como um céu de outono,
E lançar em meus olhos mágica faceta,
Apagando-se há muito em rumor abafado,
Com as mil torres em seu palácio de fadas,
Brumosa, rendilhar o horizonte violeta!
.

Reverie

Lo giorno se n’andava e l’aer bruno
Toglieva gli animal che sono’n terra,
Dalle fatiche loro.
– Dante


Oh! laissez-moi! c’est l’heure où l’horizon qui fume
Cache un front inégal sous un cercle de brume,
L’heure où l’astre géant rougit et disparaît.
Le grand bois jaunissant dore seul la colline.
On dirait qu’en ces jours où l’automne décline,
Le soleil et la pluie ont rouillé la forêt.

Oh! qui fera surgir soudain, qui fera naître,
Là-bas, – tandis que seul je rêve à la fenêtre
Et que l’ombre s’amasse au fond du corridor, –
Quelque ville mauresque, éclatante, inouïe,
Qui, comme la fusée en gerbe épanouie,
Déchire ce brouillard avec ses flèches d’or!

Qu’elle vienne inspirer, ranimer, ô génies,
Mes chansons, comme un ciel d’automne rembrunies,
Et jeter dans mes yeux son magique reflet,
Et longtemps, s’éteignant en rumeurs étouffées,
Avec les mille tours de ses palais de fées,
Brumeuse, denteler l’horizon violet!

Victor Hugo, em “Poetas Franceses do Século XIX”. [organização e tradução José Lino Grünewald]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

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