Tão honesta e gentil, até na fala,
é minha amada, quando a alguém saúda,
que toda e qualquer língua fica muda,
e os olhos não se atrevem a contemplar.
Ela assim vai, sentindo-se louvar,
vestida de humildade: de tão linda
lembra um milagre e até parece vinda
do céu para na terra se mostrar.
Tão afável se mostra a quem a mira
que olhá-la ao coração leva doçura,
mas não pode entendê-lo quem não prova:
e talvez porque em seus lábios se mova
um espírito tão cheio de candura
que vai dizendo ao coração: “Suspira”.
Tanto gentile e tanto onesta pare
la donna mia, quand’ella altrui saluta,
ch’ogne lingua devèn, tremando, muta,
e li occhi no l’ardiscon di guardare.
Ella si va, sentendosi laudare,
benignamente d’umiltà vestuta,
e par che sia una cosa venuta
da cielo in terra a miracol mostrare.
Mostrasisì piacente a chi la mira
chedà per li occhi una dolcezza al core,
che ‘ntender no la può chi no la prova;
e par che de la sua labbia si mova
un spirito soave pien d’amore,
che va dicendo a l’anima: Sospira.
é minha amada, quando a alguém saúda,
que toda e qualquer língua fica muda,
e os olhos não se atrevem a contemplar.
Ela assim vai, sentindo-se louvar,
vestida de humildade: de tão linda
lembra um milagre e até parece vinda
do céu para na terra se mostrar.
Tão afável se mostra a quem a mira
que olhá-la ao coração leva doçura,
mas não pode entendê-lo quem não prova:
e talvez porque em seus lábios se mova
um espírito tão cheio de candura
que vai dizendo ao coração: “Suspira”.
Tanto gentile e tanto onesta pare
la donna mia, quand’ella altrui saluta,
ch’ogne lingua devèn, tremando, muta,
e li occhi no l’ardiscon di guardare.
Ella si va, sentendosi laudare,
benignamente d’umiltà vestuta,
e par che sia una cosa venuta
da cielo in terra a miracol mostrare.
Mostrasisì piacente a chi la mira
chedà per li occhi una dolcezza al core,
che ‘ntender no la può chi no la prova;
e par che de la sua labbia si mova
un spirito soave pien d’amore,
che va dicendo a l’anima: Sospira.
Dante Alighieri - trad. Ferreira Gullar. [2014] em: O prazer do poema, Edições de Janeiro, 2014, p. 82.
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