Abro as veias

















Abro as veias: irreprimível,
Irrecuperável, a vida vaza.
Ponham embaixo vasos e vasilhas!
Todas as vasilhas serão rasas,
Parcos os vasos.

Pelas bordas – à margem –
Para os veios negros da terra vazia,
Nutriz da vida, irrecuperável,
Irreprimível, vaza a poesia.


6 de janeiro de 1934


Em russo:

Вскрыла жилы

Вскрыла жилы: неостановимо,
Невосстановимо хлещет жизнь.
Подставляйте миски и тарелки!
Всякая тарелка будет – мелкой,
Миска – плоской.

Через край – и мимо
В землю черную, питать тростник.
Невозвратно, неостановимо,
Невосстановимо хлещет стих.

6 января 1934



Marina Tzvietáieva


TZVIETÁIEVA, Marina. Abro as veias. Tradução de Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto (Seleção e Tradução). Poesia da recusa. São Paulo, SP: Perspectiva, 2006. p. 165.
Em Russo
ЦВЕТАЕВОЙ, Марины. Вскрыла жилы. Disponível neste endereço. Acesso em: 20 fev. 2019.

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