Soneto VI

















Espero-te, pensando: “ela não tarda… 
Prometeu-me: há de vir”… E com que aflitas, 
longas horas de angústia tu me agitas 
o coração que, tímido, te aguarda! 

E espero, tristes horas infinitas, 
um momento de vida que retarda. 
Súbito irrompes, trêmula e galharda, 
numa nuvem de rendas e de fitas. 

Vens a mim. Corro, tomo-te em meus braços, 
e te estreito, estreitando mais os laços 
do teu, do meu, do nosso grande amor. 

E o teu beijo, e o meu beijo, e os nossos beijos 
são mil rosas vermelhas de desejos, 
na primavera do teu corpo em flor. 


Guilherme de Almeida 
Da obra original “Nós” (1914-1917). Extraído de Sonetos/ Guilherme de Almeida, Imprensa Oficial, São Paulo (SP) Brasil, 2ª edição, pág. 26.

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