gosto de mãos rupestres
- de infâncias,
de me dobrar e tombar
em risos e estigas que a minha rua já não tem.
chorar – escrevendo um livro depois apagado.
rir – lendo memórias apagadas.
a sujidade de infância tem um cheiro
de barro
e trepadeiras poerentas.
quando me sujo de infâncias
espirro
um sardão enorme
- e um gato dançado
pelo tiro da minha pressão de ar.
não quero apenas carícias
nas cores desse sardão ensolarado
sujo de infância
quero pôr pedido-desculpa
na vida do gato vesgo...
Ondjaki, em "Materiais para confecção de um espanador de tristezas". Lisboa: Editorial Caminho, 2009 p. 35.
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