Àquele que não escuta o mar nesta manhã
de sexta-feira, e encarcerado está dentro de algo,
casa, escritório, fábrica ou mulher,
ou rua ou mina ou árido calabouço...
a esse acorro eu e sem falar nem ver
chego e abro a porta da clausura
e ao abri-la um vago borborinho ouve-se dentro,
um longo trovão desfeito encorpora-se
ao peso do planeta e da espuma,
surgem os rios rumorosos do oceano,
vibra veloz no seu rosal a estrela
e o mar palpita, fenece e continua.
Assim pelo destino conduzido
devo sem descanso ouvir e conservar
o lamento marinho na minha consciência,
devo sentir a pancada violenta da água
e recolhê-la numa taça eterna
para que aonde esteja o encarcerado,
aonde sofra o castigo do Outono
esteja eu presente com uma onda errante,
circule eu através das janelas
e ao ouvir-me o olhar levante
dizendo: como chegarei eu junto do oceano?
Então sem dizer nada transmitirei
os ecos rutilantes da onda,
uma derrocada de espuma e areais,
um sussurro de sal que se afasta,
o grito cinzento da ave do litoral.
E assim, a liberdade e o mar responderão
por mim ao sombrio coração.
de sexta-feira, e encarcerado está dentro de algo,
casa, escritório, fábrica ou mulher,
ou rua ou mina ou árido calabouço...
a esse acorro eu e sem falar nem ver
chego e abro a porta da clausura
e ao abri-la um vago borborinho ouve-se dentro,
um longo trovão desfeito encorpora-se
ao peso do planeta e da espuma,
surgem os rios rumorosos do oceano,
vibra veloz no seu rosal a estrela
e o mar palpita, fenece e continua.
Assim pelo destino conduzido
devo sem descanso ouvir e conservar
o lamento marinho na minha consciência,
devo sentir a pancada violenta da água
e recolhê-la numa taça eterna
para que aonde esteja o encarcerado,
aonde sofra o castigo do Outono
esteja eu presente com uma onda errante,
circule eu através das janelas
e ao ouvir-me o olhar levante
dizendo: como chegarei eu junto do oceano?
Então sem dizer nada transmitirei
os ecos rutilantes da onda,
uma derrocada de espuma e areais,
um sussurro de sal que se afasta,
o grito cinzento da ave do litoral.
E assim, a liberdade e o mar responderão
por mim ao sombrio coração.
Deber del Poeta
A quien no escucha el mar en este viernes
por Ia manana, a quien adentro de algo,
casa, oficina, fábrica o mujer,
o calle o mina o seco calabozo:
a este yo acudo y sin hablar ni ver
llego y abro Ia puerta del encierro
y un sin fin se oye vago en Ia insistência,
un largo trueno roto se encadena
al peso del planeta y de Ia espuma,
surgen los rios roncos del oceano,
vibra veloz en su rosal Ia estrella
y el mar palpita, muere y continua.
Así por el destino conducido
debo sin trégua oír y conservar
el lamento marino en mi conciencia,
debo sentir el golpe de agua dura
y recogerlo en una taza eterna
para que donde esté el encarcelado,
donde sufra el castigo del otoño
yo esté presente con una ola errante,
yo circule a través de Ias ventanas
y al oírme levante Ia mirada
diciendo: como me acercaré al oceano?
Y yo transmitiré sin decir nada
los ecos estrellados de Ia ola,
un quebranto de espuma y arenales,
un susurro de sal que se retira,
el grito gris del ave de Ia costa.
Y así, por mí, Ia libertad y el mar
responderán al corazón oscuro.
A quien no escucha el mar en este viernes
por Ia manana, a quien adentro de algo,
casa, oficina, fábrica o mujer,
o calle o mina o seco calabozo:
a este yo acudo y sin hablar ni ver
llego y abro Ia puerta del encierro
y un sin fin se oye vago en Ia insistência,
un largo trueno roto se encadena
al peso del planeta y de Ia espuma,
surgen los rios roncos del oceano,
vibra veloz en su rosal Ia estrella
y el mar palpita, muere y continua.
Así por el destino conducido
debo sin trégua oír y conservar
el lamento marino en mi conciencia,
debo sentir el golpe de agua dura
y recogerlo en una taza eterna
para que donde esté el encarcelado,
donde sufra el castigo del otoño
yo esté presente con una ola errante,
yo circule a través de Ias ventanas
y al oírme levante Ia mirada
diciendo: como me acercaré al oceano?
Y yo transmitiré sin decir nada
los ecos estrellados de Ia ola,
un quebranto de espuma y arenales,
un susurro de sal que se retira,
el grito gris del ave de Ia costa.
Y así, por mí, Ia libertad y el mar
responderán al corazón oscuro.
Pablo Neruda.
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