Soneto XXXVII














Como um pai decrépito se regozija
De ver o filho fulgir na juventude,
Então, eu, aleijado por despeito da Fortuna,
Encontro meu consolo em tua honra e verdade.


Pois a beleza, o berço, a riqueza, a sagacidade,
Ou quaisquer dessas qualidades, ou todas, ou outras,
Permanecem assentadas em si mesmas,
Ofereço meu amor em seu nome.

Então, não sou aleijado, pobre, nem desprezado,
Enquanto esta sombra se lança sobre ele,
Que eu, em tua abundância, me satisfaço,
E em uma parte do todo vive a tua glória.

Vê o melhor, o melhor que desejo em ti;
Este é meu desejo; então sou dez vezes mais feliz.


Sonnet

As a decrepit father takes delight,
To see his active child do deeds of youth,
So I, made lame by Fortune's dearest spite
Take all my comfort of thy worth and truth.

For whether beauty, birth, or wealth, or wit,
Or any of these all, or all, or more
Entitled in thy parts, do crowned sit,
I make my love engrafted to this store:

So then I am not lame, poor, nor despised,
Whilst that this shadow doth such substance give,
That I in thy abundance am sufficed,
And by a part of all thy glory live:

Look what is best, that best I wish in thee,
This wish I have, then ten times happy me.
William Shakespeare - Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta

Menino velho
















Eu sou esse menino de cara redonda e suja
que em cada esquina os incomoda com seu
“can you spend another quarter”

Eu sou esse menino de cara suja
-sem dúvida inoportuno-
que de longe contempla as carruagens
de onde outros meninos emitem risos e saltos consideráveis

Eu sou esse menino desagradável
-sem dúvida inoportuno-
de cara redonda e suja que ante os grandes faróis
ou sob as grandes damas também iluminadas
ou ante as meninas que parecem levitar
projeta o insulto de sua cara redonda e suja.

Eu sou esse menino tosco, melhor dizendo cinza,
que envolto em lamentáveis combinações
põe uma nota escura sobre a neve
ou sobre o gramado tão cuidadosamente cortado
que ninguém senão eu, porque não pago multas, se atreve a pisotear.

Eu sou esse distraído e sozinho menino de sempre
que os lança o insulto do menino sozinho de sempre
e os adverte: se hipocritamente me acariciares a cabeça
aproveitarei a ocasião para afanar-lhes a carteira.

Eu sou esse menino de sempre
ante o panorama do iminente espanto.
Esse menino, esse menino,
esse menino que corrompe o poema com sua nota naturalista.
Esse menino, esse menino,
esse menino que impõe árduos e chatos ensaios,
e até romances, ainda mais chatos, sobre “os bairros malfalados”.
Esse menino, esse menino,
esse menino de cara distraída e suja que impõe árduas
e sinistras revoluções
para logo continuar com sua cara ainda mais distraída e suja
Esse menino, esse menino,
esse menino ante o panorama sempre iminente
(só iminente)
do iminente espanto, da iminente lepra, do iminente
piolho,
do delito ou do crime iminentes.
Eu sou esse menino repulsivo que improvisa uma cama
com papelões velhos e espera, seguro, que você venha a
lhe fazer companhia.

Niño viejo

Yo soy ese niño de cara redonda y sucia
que en cada esquina os molesta con su
“can you spend one quarter”

Yo soy ese niño de cara sucia
–sin duda inoportuno–
que de lejos contempla los carruajes
donde otros niños emiten risas y saltos considerables.

Yo soy ese niño desagradable
–sin duda inoportuno–
de cara redonda y sucia que ante los grandes faroles
o bajo las grandes damas también iluminadas
o ante las niñas que parecen levitar
proyecta el insulto de su cara redonda y sucia

Yo soy ese niño hosco, más bien gris,
que envuelto en lamentables combinaciones
pone una nota oscura sobre la nieve
o sobre el césped tan cuidadosamente recortado
que nadie sino yo, porque no pago multas se atreve a pisotear.

Yo soy ese airado y solo niño de siempre
que os lanza el insulto del solo niño de siempre
y os advierte: si hipócritamente me acariciáis la cabeza
aprovecharé la ocasión para levantarles la cartera.

Yo soy ese niño de siempre
ante el panorama del inminente espanto.
Ese niño, ese niño,
ese niño que corrompe el poema con su nota naturalista.
Ese niño, ese niño,
ese niño que impone arduos y aburridos ensayos
y hasta novelas, aún más aburridas, sobre “los bajos fondos”.
Ese niño, ese niño,
ese niño de cara airada y sucia que impone arduas
y siniestras revoluciones
para luego seguir con su cara aún más airada y sucia.
Ese niño, ese niño
ese niño ante el panorama siempre inminente
(sólo inminente)
del inminente espanto, de la inminente lepra, del inminente
piojo,
del delito o del crimen inminentes.
Yo soy ese niño repulsivo que improvisa una cama
con cartones viejos y espera, seguro, que venga usted a
hacerle compañía.

Reinaldo Arenas

Rios sem discurso














Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.

*
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase a frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

João Cabral de Melo Neto, in “Melhores Poemas de João Cabral de Melo Neto”. [Seleção Antônio Carlos Secchin], São Paulo: Global Editora, 8ª ed., 2001, pag. 191.

Ofício












Tatear a origem
é iludir-se.

O escrito, à mercê
do que foi dito,
inaugura outro país.

O que se dá nos mapas
em forma
de província, urbe
& melhorias

não é senão um caco
de palavra.

A origem ressona
grave,
sem nação ou pacto.
Há quem a leve

no bolso, em crimes
que nos deserdam.

Outros a curtem sob a
forma de bois de aluguel.
Ou a costuram em óleos
santos.

Mas há os ferinos e seu
humour
que tira o minério
das conchas.

Por eles a origem despista
rendas, misérias
e outros benefícios.

Pela origem
somos-não-somos.
Espécie que escreve
para esquecer.


Edimilson de Almeida Pereira - livro qvasi: segundo caderno (Editora 34)

Viagem para dentro de casa
















Aroma de café espalhado na cozinha,
poema que reclama o calor da mão febril
a tatear o verso entre flores
de amores e de mortes
no porta-retratos de moldura prateada,
escondido atrás do bibelô com seu verniz de infância,
porcelana delicada – dama que passeia com dois cachorrinhos, postos a guardar os livros prediletos,
gestos de veludo, o riso dos irmãos à mesa do almoço,
retendo por um instante – e sempre – o que jamais me deixa,
brilho de pedra preciosa aninhada no coração.


Lenita Estrela de Sá - livro “Antídoto”, poemas, Editora 7Letras, 2017.

Quarto de despejo
















Quando infiltrei na literatura
Sonhava so com a ventura
Minhalma estava chêia de hianto
Eu nao previa o pranto. Ao publicar o Quarto de Despejo
Concretisava assim o meu desejo.
Que vida. Que alegria.
E agora… Casa de alvenaria.
Outro livro que vae circular
As tristêsas vão duplicar.
Os que pedem para eu auxiliar
A concretisar os teus desejos
Penso: eu devia publicar…
– o ‘Quarto de Despejo’.

No início vêio adimiração
O meu nome circulou a Nação.
Surgiu uma escritora favelada.
Chama: Carolina Maria de Jesus.
E as obras que ela produz

Deixou a humanidade habismada
No início eu fiquei confusa.
Parece que estava oclusa
Num estôjo de marfim.
Eu era solicitada
Era bajulada.
Como um querubim.

Depôis começaram a me invejar.
Dizia: você, deve dar
Os teus bens, para um assilo
Os que assim me falava
Não pensava.
Nos meus filhos.

As damas da alta sociedade.
Dizia: praticae a caridade.
Doando aos pobres agasalhos.
Mas o dinheiro da alta sociedade
Não é destinado a caridade
É para os prados, e os baralhos

E assim, eu fui desiludindo
O meu ideal regridindo
Igual um côrpo envelhecendo.
Fui enrrugando, enrrugando…
Petalas de rosa, murchando, murchando
E… estou morrendo!

Na campa silente e fria
Hei de repousar um dia…
Não levo nenhuma ilusão
Porque a escritora favelada
Foi rosa despetalada.
Quantos espinhos em meu coração.
Dizem que sou ambiciosa
Que não sou caridosa.
Incluiram-me entre os usurários
Porque não critica os industriaes
Que tratam como animaes.
– Os operários…

Carolina Maria de Jesus, em “Meu estranho diário”. São Paulo: Xamã, 1996, p. 151-153. (grafia original)

A tua voz fala amorosa...























A tua voz fala amorosa…
Tão meiga fala que me esquece
Que é falsa a sua branda prosa.
Meu coração desentristece.

Sim, como a música sugere
O que na música não está,
Meu coração nada mais quer
Que a melodia que em ti há…

Amar-me? Quem o crera? Fala
Na mesma voz que nada diz
Se és uma música que embala.
Eu ouço, ignoro, e sou feliz.

Nem há felicidade falsa,
Enquanto dura é verdadeira.
Que importa o que a verdade exalça
Se sou feliz desta maneira?

.

Fernando Pessoa
22-1-1929

Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990). – 108.

Amavisse


















II
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.



Hilda Hilst

Cotidiano
















O mar em que me afogo
é cotidiano.
(Correnteza em que desço,
chuva que não revogo —
altura que não alcanço.)

A enchente em que sucumbo
é de todos os dias.
(Águas de cada dia,
tropeços, pedras, nuvens,
ventanias.)
O rio em que me desço.

A escuridão em que não vejo
é cotidiana:
o mar, a enchente, o poço,
a mão que me acena de longe,
o ar que me dana —
aquilo que não sei.
(A queda que é só poço.)

O oceano em que naufrago,
o rio em que me afogo,
o vento em que sufoco.


Renato Suttana

Epigrama nº 1
















POUSA sobre esses espetáculos infatigáveis
uma sonora ou silenciosa canção:
flor do espírito, desinteressada e efêmera.

Por ela, os homens te conhecerão:
por ela, os tempos versáteis saberão
que o mundo ficou mais belo, ainda que inutilmente,
quando por ele andou teu coração.

Cecília Meireles, no livro “Viagem”. 1939.

intenção














amanhecer floral ou querer
encolho-me e levito
espero o teu pouso
das coisas, o olhar intacto
não mudam como eu
mas tenho pincéis e adornos
vou enfeitando, de olhos fechados
tudo fica como quero
o instante não me possui
reina tranquilo
mas chega perto
e eu fantasio
tu vens envolto nele
e nos estribilhos
não tocas nas coisas
és livre
e eu quero ser.


Márcia Maranhão De Conti

O Prosador e o Poeta























Por que te inquietas, prosador?
Escolhe os temas e, ao que for,
eu darei gume, alada rima,
e farei dele flecha exímia
que, após deixar a corda tesa
do arco dobrado servilmente,
voará certeira até que a presa,
nosso inimigo, se lamente!

(1825)
.

ПРОЗАИК И ПОЭТ

О чем, прозаик, ты хлопочешь?
Давай мне мысль какую хочешь:
Ее с конца я завострю,
Летучей рифмой оперю,
Взложу на тетиву тугую,
Послушный лук согну в дугу,
А там пошлю наудалую,
И горе нашему врагу!

(1825)
Aleksander Púchkin (Алекса́ндр Пу́шкин). A dama de espadas: prosa e poemas. [tradução de Boris Schnaiderman e Nelson Ascher]. Coleção Leste. São Paulo: Editora 34, 1999; 3ª ed., 2013.
















Fé, é quando vemos
A gota de orvalho ou a folhinha pelo rio fluir
E sabemos que existem pois têm de existir.
E ainda que de olhos fechados nos deixemos sonhar
Só haverá no mundo o que havia
E as águas do rio a folhinha vão levar.

Fé, é quando ferimos
O pé na pedra e sabemos que as pedras
Lá estão para que os pés nos firam.

Vejam quão grande é a sombra das árvores,
Assim como a nossa e a das flores,
O que não tem sombra, não tem força para existir.


Czeslaw Milosz

* Estes poemas são da tradução portuguesa Czesław Miłosz e Wisława Szymborska, Alguns Gostam de Poesia. Antologia, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.


Somos um frágil equilíbrio de vida – líquida e efêmera – ancorada no olho do sol.













há quem diga do corpo – de sua concretude
mas o que há é liquidez
mais de mil partículas – mil núcleos – mil esferas
fluindo nesse rio andante
na disputa e na defensa
pelas mesmas artérias – mesmos veios
numa permanente luta de vida e morte

há uma força que lhes une e desune
lhes funde e aparta

o rio esse denso corpo que mergulha em si
pesado demais para chover
precipitar-se no ar

o corpo esse rio de sal e sangue
lento de correr que mal sossega – mal respira
ilhado de vento e vazio

há quem diga do corpo
de sua agudeza em mirar
mas o que há é miragem
centrífuga ilusão de ser
a refluir no verbo

o corpo é esse rio
cuja nascente e foz
disputam a força
o espaço
o tempo e as profundidades
no centro de um coração

Wanda Monteiro - A LITURGIA DO TEMPO e outros silêncios, 2019, Editora Patuá.

Debaixo do Tamarindo



















No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei biliões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Hoje, esta árvore, de amplos agasalhos,
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da Flora Brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade
A minha sombra há de ficar aqui!

Paraíba, 1909


Augusto dos Anjos - Publicado no livro Eu (1912).

In: REIS, Zenir Campos. Augusto dos Anjos: poesia e prosa. São Paulo: Ática, 1977. p.69. (Ensaios, 32

O Baú



















Como estranhas lembranças de outras vidas,
que outros viveram, num estranho mundo,
quantas coisas perdidas e esquecidas
no teu baú de espantos...Bem no fundo,

uma boneca toda estraçalhada!
(isto não são brinquedos de menino...
alguma coisa deve estar errada)
Mas o teu coração em desatino

te traz de súbito uma ideia louca:
é ela, sim! Só pode ser aquela,
a jamais esquecida Bem- Amada.

E em vão tentas lembrar o nome dela...
e em vão ela te fita...e a sua boca
tenta sorrir-te, mas está quebrada!

Mário Quintana (in Rua dos Cataventos & Outros Poemas)

Receita de poema
















Um poema que desaparecesse
à medida que fosse nascendo,
e que dele nada então restasse
senão o silêncio de estar não sendo.

Que nele apenas ecoasse
o som do vazio mais pleno.
E depois que tudo matasse
morresse do próprio veneno.

Antonio Carlos Secchin

O solitário























Não: uma torre se erguerá do fundo
do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda
o indizível, a dor, de novo o mundo.

Ainda uma coisa, só, no imenso mar
das coisas, e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,

ainda um rosto de pedra, que só sente
a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.

.


Der einsame

Wie einer, der auf fremden Meeren fuhr,
so bin ich bei den ewig Einheimischen;
die vollen Tage stehn auf ihren Tischen,
mir aber ist die Ferne voll Figur.

In mein Gesicht reicht eine Welt herein,
die vielleicht unbewohnt ist wie ein Mond,
sie aber lassen kein Gefühl allein,
und alle ihre Worte sind bewohnt.

Die Dinge, die ich weither mit mir nahm,
sehn selten aus, gehalten an das Ihre -:
in ihrer großen Heimat sind sie Tiere,
hier halten sie den Atem an vor Scham.

Rainer Maria Rilke, em “Novos poemas II” (1907). In: CAMPOS, Augusto de (organização e tradução). Coisas e anjos de Rilke. São Paulo: Perspectiva, 2013, p. 292-293.

O açúcar
















O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Ferreira Gullar

Deuses que dançam














Aceitar o movimento
Essa desordem
Ordem

Que nada ficará
Inerte
Nem eu nem você
Ou a pedra (que não rola e cria limo)

Que mudei
Que você mudou
Que o mundo
Ainda que o mesmo
É diferente

Que é sempre igual
Isto:
Que o que era há um milésimo
Já é outro.
.

Adriane Garcia

O Tempo seca o Amor

O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a ...

Nos últimos 30 dias.