Não me move, meu Deus, para querer-Te
O céu que me tens prometido,
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de ofender-Te.
Tu me moves, Senhor, move-me ver-Te
Cravado em uma Cruz e escarnecido,
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte.
Move-me, enfim, o teu amor, e de tal maneira,
Que a não haver céu, ainda Te amara,
E a não haver inferno Te temera.
Nada tens que me dar porque Te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que Te quero Te quereria.
Em espanhol:
No me mueve, mi Dios, para quererte
el cielo que me tienes prometido;
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.
Tú me mueves, señor; muéveme el verte
clavado en una cruz y escarnecido;
muéveme ver tu cuerpo tan herido;
muévenme tus afrentas y tu muerte.
Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera
que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.
No me tienes que dar porque te quiera,
pues aunque cuanto espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.
Tem havido tentativas de atribuição deste soneto a um ou outro autor, sem que a crítica tenha comprovado a autoria.
Talvez São João da Cruz ou Santa Teresa de Jesus (Sec.XVI). A atribuição aos dois Carmelitas corresponde ao tema do amor altruísta, muito presente naqueles Santos.
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