ALGÚN VESTIGIO DE TU PASO




















La dulzura de recordar el sol en la espiral del sueño
y el vano poder de haber ido tan lejos.


Es tan extraño perdurar, oír aún
la grave letanía de los huesos y el hechizo del mundo.


Déjame ver, déjame ver:
alguien me condujo hasta aquí y se oculta,


cubierto de grandes praderas, de climas,
refugios baldíos, luces que brillan


en el faro donde la tierra termina.
Salido de lugares inciertos, de trópicos y lluvias,


voraz como fuego, intruso,
la huella de sus dientes y sus besos en la manzana.


¿De quién es ese rostro desconocido entrevisto
donde se pierde? Es incierto y ansioso


extraviado en la fábula oscura de mi vida.
Adiós, sombra mía.





Em português:



A doçura de lembrar o sol na espiral do sonho
e o poder vão de ter ido tão longe.

É tão estranho perdurar, ouvir ainda
a grave ladainha dos ossos e o feitiço do mundo.

Deixe-me ver, deixe-me ver:
alguém me conduziu até aqui e se esconde,

Coberto de grandes prados, de climas,
refúgios baldios, luzes que brilham

no farol onde a terra termina.

Saído de lugares incertos, de trópicos e chuvas,

voraz como o fogo, intruso,
o vestígio de seus dentes e seus beijos na maçã.

De quem é esse rosto desconhecido pressentido
onde se perde? É incerto e ansioso

extraviado na fábula escura de mina vida.
Adeus, sombra minha.


Enrique Molina - Tradução de Antonio Miranda

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