O raro ensejo da hora


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Morte: ausência de vida?
É certo que não só…
Dentro da própria vida
Também se pode virar pó!
Virar pó, morrer vivendo –
Andar vivo sem viver –
Dar um nó nas leis do tempo,
Ser nocivo ao próprio ser.


Deixar nuas, a cair,
As vestes do agora.
Cruzar ruas a fugir
Àquele beijo que aflora.
Em suas mãos ver sumir
O raro ensejo da hora.
Passar luas sem sorrir
Ao lampejo da aurora.


E só quando vestir novamente
O que despiu por vergonha
Aquele agir no presente
E com que hoje só sonha
Fará surgir realmente
Uma manhã mais risonha.


Ana Helena Ribeiro Tavares

Um comentário:

Henrique Rodrigues Soares disse...

Uma das mais belas poesias da jornalista Ana Helena, com ritmo suave e grande desenvoltura.
Gostei! Bravo!

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