A Cortesã da Juventude

























Não suportas a velhice
A tua beleza murchar
Queres sempre viver ontem
Para o amanhã não chegar
Tiraste um trago
da fumaça de vida que trago
na sombra cheia de estragos
feito pelas traças
E engasgou-se
de ilusões e loucuras
Ternuras e frescuras
que teu corpo absorveu


Ah! Como teu corpo é fúnebre
estéril e viril
Este teu sorriso infantil
que faz dos dentes diamantes
dos olhos amantes
de um mundo mercado
Ah! Como tua alma é frívola e feérica
Teus lábios sutis
criaram uma nova fonética


Não compreendes a maturidade de uma folha
Considera a velhice uma falta de escolha
Teu rosto enruga o espelho
Teus ouvidos não aceitam um conselho
Queres sempre está nova!


Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas

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