No meio do tiroteio
o alvo tem forma de teia
Eu caminho como aranha
no equilíbrio em corda bamba
A bala que se aloja é feita de palavra
e as rajadas vêm de todos os lados
Aos ouvidos cada grito é um surto
Como um anúncio de tudo ao mesmo tempo
Quem dera apenas os motores berrassem barulho
e o meu escapismo se aquietasse de alento
Quem sabe um dia a fuga afugente o mundo
E eu possa por uns dias morar no silêncio
No meio do tiroteio se enfrenta a carga
O fogo se ateia em cabeça de fósforo
Afago já não tenho nem mais do horóscopo
Os tempos são difíceis pra quem é de água
Quem dera fossem os pássaros que me falassem
E o som do vento arfante abrande os meus anseios
E a serenidade amena me imunize
Pra eu sair intacto do tiroteio
Alan Salgueiro
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