fecho os meus olhos para te esquecer,
mas quanto mais procuro não te ver,
quanto mais fecho os olhos mais te vejo.
Humildemente atrás de ti rastejo,
humildemente, sem te convencer,
enquanto sinto para mim crescer
dos teus desdéns o frígido cortejo.
Sei que jamais hei de possuir-te, sei
que outro feliz, ditoso como um rei
enlaçará teu virgem corpo em flor.
Meu coração no entanto não se cansa:
amam metade os que amam com espr'ança,
amar sem espr'ança é o verdadeiro amor.
Eugénio de Castro, in 'Antologia Poética'
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