assombro e orfandade
chão anoitecido de
soçobros
o tempo acautelado de
correr a senda de estradas
sem luz
na sombra
há sempre um interlúdio
de paralisia
entre
haveres
de
escombros
decreta-se o desatino
nós desvãos da inércia
ante à remissão
dos idos tombados
sob à turba dos muros
de ocasos adoecidos
de limo
de limbo
de lama
na letargia de dias
não amanhecidos
espera-se pelo tempo
só ele diz dos prenúncios
só ele derruba barragens
para como o rio
correr
espera-se
até que na andança da
espera
o chão possa recolher o
adubo das sombras
render-se à cópula das
manhãs
haverá de aurorescer
ouvidos se abrirão
largamente
para a escuta de sementes
se abrindo
em busca de uma
possibilidade
feita de sol
Wanda Monteiro
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