Noite
Deito,
no límpido lenço
passado pelo sol
que esconde
a maçã podre
do colchão de sua cinza.
Estou nas palmas enormes da noite
que se ergueram
e esqueceram a oração.
E elas seguram,
cabide de meus melhores panos,
o abacate verde de meu corpo
que jamais se envelhecera
com minha teimosia venenosa
com a cobertura do cromo de meu verniz
de chegar sempre mais jovem
no salão
do azul da noite
porque era lá
que me ouvia
com o palmo da terra
em minha orelha.
E me flertava,
apaixonado, por ela e dela.
Eu nunca quis me decepcionar.
Lucas Alvim - Poemas de "Contorcionismo" (Editora Penalux, 2016).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O Tempo seca o Amor
O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a ...
Nos últimos 30 dias.
-
O ventre e os braços da mãe, o berço, a casa, a escola, o pátio, o ônibus, o escritório, a mulher e o sono. Mauro ...
-
Seus olhos acesos seus ouvidos como cães que guardam a noite ele dirige o ônibus O ronco do motor os outros carros...
-
A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras. Não sei por que voltou esta tarde se minha mãe já se foi ...
-
São uns olhos verdes, verdes, Uns olhos de verde-mar, Quando o tempo vai bonança; Uns olhos cor de esperança, U...
-
Passa a vida? Continua… Porque o tempo é que flutua, como um rio de veludo, sobre todos, sobre tudo... À sua imagem so...
-
A avó tem uma máquina de costura que foi da mãe da sua mãe, da sua avó. A avó pedala a máquina e costura rendas na barra d...
-
Eu amava Como amava algum cantor De qualquer clichê De cabaré, de lua e flor Eu sonhava como a feia Na vitri...
-
Passava a lua pelo azul do espaço De teu regaço A namorar o alvor! Como era tema no seu brando lume... Tive ciúm...
-
O sofrimento é um mestre que nos vem apequenar, fogo que nos abrasa miudamente: isola-nos da vida, empareda-nos e...
-
Entrevisto e esquivo, eu sou esse aroma finado mas vivo que no vento assoma! Entrevisto e incerto, acaso ou t...
Nenhum comentário:
Postar um comentário