Tange o sino, tange
Tange doloroso.
Cai como quer um alfange
No meu sonhar de gozo...
E o sino tange, tange
Lento e ao longe amoroso.
E tange e plange ao longe
Aérea melodia...
Cada som é um monge
Na sua alva fria...
Tange o sino de bronze
No escurecer que esfria.
E em mim também
A tarde do meu ser
E plange em mim, na lonjura
Do meu vago esquecer
Um sino ao longe, a agrura
De me saber ser.
Fernando Pessoa - In Poesia - 1902-1917
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