E olhamos a ilha assinalada
pelo gosto de abril que o mar trazia
e galgamos nosso sono sobre a areia
num barco só de vento e maresia.
Depois, foi a terra. E na terra construída
erguemos nosso tempo de água e de partida.
Sonoras gaivotas a domar luzes bravias
em nós recriam a matéria de seu canto,
e nessas asas se esparrama nossa glória,
de um amor anterior a todo estio,
de um amor anterior a toda história.
E seguimos no caminho de ser vento
onde as aves vinham ver se havia maio,
e as marcas espalmadas contra o frio
recobriam de brancura nosso rumo.
E abrimos velas alvas que se escondem
dos mapas de um sonho pequenino,
do início de uma selva que se espraia
na distância entre mim e o meu destino.
Antonio Carlos Secchin - (Todos os Ventos – Antologia poética, 2005)
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