Monomania


















palavras sucessivas oprime
sugestões estúpidas confusas
dominado pelo tenebroso crime
de quê me acusas?


me acusas sem precisão
da grandeza de meus planos
qual é a questão?
porque tão desumano?


danos me foram legados
inclusos em minha parte
não sei qual foi meu pecado?
deve ter sido.- amar-te


continuo com esta doença
de carne, alma e pensamento
ato de fé por uma crença
idéias em confinamento


furtaste os meus segredos
me arrebentara num precipício
não há castelos nem espelhos
só muros e edifícios


II
já não falamos a mesma língua
abriste todos os meus segredos
conheceste as minhas manias
hoje revelas os meus medos


medo das alturas
medo dos copos quebrados
medo das mãos puras
e dos meus olhos afogados


afogados no mar que criei
me cortei nos corais
são marcas que conquistei
para esquecer nunca mais.


Henrique Rodrigues Soares  - A Natureza das Coisas

Um comentário:

Sonia Schmorantz disse...

Um poema muito bem elaborado, parabéns!
ótimo domingo
abraço

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