Fecho as janelas desta casa
(seus corredores, seus fantasmas
sua aérea arquitetura de pássaro)
fecho a insônia que inundava
meu quarto debruçado sobre o nada
fecho as cortinas onde a larva
do tempo tece agora sua praga
fecho a clara algazarra plácida
das vozes sangüíneas da alvorada
fecho o trecho taciturno da tocata
a chuva percutindo as teclas do telhado
as sombras navegando pelo pátio
e o bambuzal
Fecho as torneiras da memória
Fecho também a tumultuosa torrente de vida
que poderia ter rompido o cerco das paredes
e feito explodir a argamassa de calcário e solidão
Fecho ainda as lentas pálpebras da amada
o mofo acumulado entre seus lábios
o limo que vestiu sua carne desolada
Fecho tudo e depois me fecho
Estou cansado
estou triste
estou só
(seus corredores, seus fantasmas
sua aérea arquitetura de pássaro)
fecho a insônia que inundava
meu quarto debruçado sobre o nada
fecho as cortinas onde a larva
do tempo tece agora sua praga
fecho a clara algazarra plácida
das vozes sangüíneas da alvorada
fecho o trecho taciturno da tocata
a chuva percutindo as teclas do telhado
as sombras navegando pelo pátio
e o bambuzal
Fecho as torneiras da memória
Fecho também a tumultuosa torrente de vida
que poderia ter rompido o cerco das paredes
e feito explodir a argamassa de calcário e solidão
Fecho ainda as lentas pálpebras da amada
o mofo acumulado entre seus lábios
o limo que vestiu sua carne desolada
Fecho tudo e depois me fecho
Estou cansado
estou triste
estou só
Ivan Junqueira - do livro Os Mortos (1956-64)
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