Minha porta: olho no olho.
Ela tão crespa, uma onda, um veludo verde.
Era montanha, uma terra firme, uma noite e o cisco.
Outro dia de caos e os cães ali ladrando,
a cidade fria de novos açoites, o frio da alma esquina
O olhar vazio dela
era meu vestido de renda chinesa.
A cidade crua de gente era uma nudez de passagem.
O fio trágico, o fino pano, o meio frio dentro de nossos pés,
os pés nus das estátuas de gesso.
O copo dele vazio de farsas
no meu sorriso de avisos, reclames, faz desamores bestiais.
A cidade anoitecendo, a terra ficando mais firme
era a semente, dor de respirar fundo... um raio x
O cheio dela é que esvazia
e vai de espantos me encher (ar, preciso de ar...):
é uma sede num dialeto, espiral
de uma língua da mais fina trama.
Tudo tão istmo... que me esperanto.
Patrícia Porto - Cabeça de Antígona
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