Vou partir, vais ficar. “Longe da vista,
longe do coração” — diz o ditado.
Basta, porém, que o nosso amor exista,
para que eu parta e fiques sem cuidado.
Dentro em mim mesmo, o coração egoísta,
quanto mais longe, mais te quer ao lado;
tanto mais te ama, quanto mais te avista
e, antes de ver-te, já te havia amado.
Vou partir. Para longe? Para perto?
— Não sei: longe de ti tudo é deserto
e todas as distâncias são iguais.
Como eu quisera que, na despedida,
quando se unissem nossas mãos, querida,
nunca pudessem desunir-se mais!
Guilherme de Almeida
Da obra original “Nós” (1914-1917).
Extraído de Sonetos/ Guilherme de Almeida, Imprensa Oficial,
São Paulo (SP) Brasil, 2ª edição, pág. 24.
Extraído de Sonetos/ Guilherme de Almeida, Imprensa Oficial,
São Paulo (SP) Brasil, 2ª edição, pág. 24.
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