Cândido Portinari - Meninos soltando pipa/1952. |
A nada aceito, exceto a eternidade,
Nesta viagem ambígua que me leva
ao altar absoluto que, na treva,
espera pela minha inanidade.
O que sonhei, menino, hoje é verdade
de alva estação que em meu silêncio neva
o inverno de uma fábula primeva
que foi sol, cego à própria claridade.
Na hora do fim de tudo, separados
fiquem os dois comparsas do destino
que sabe a cinza após o último alento.
E a morte guarde em cova os injuriados
despojos do homem feito; que o menino
empina o papagaio, vive ao vento.
Lêdo Ivo
Nesta viagem ambígua que me leva
ao altar absoluto que, na treva,
espera pela minha inanidade.
O que sonhei, menino, hoje é verdade
de alva estação que em meu silêncio neva
o inverno de uma fábula primeva
que foi sol, cego à própria claridade.
Na hora do fim de tudo, separados
fiquem os dois comparsas do destino
que sabe a cinza após o último alento.
E a morte guarde em cova os injuriados
despojos do homem feito; que o menino
empina o papagaio, vive ao vento.
Lêdo Ivo
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