Afluentes


















Eram os executados.Os dias intumesciam
e como frutos caíam.

Eram os executados
Sem o título ou família,
sem o tempo, sem o espaço
que de viver lhes cabia.

Percebi os vários rostos,
percebi que eles baixavam
e suas penas subiam.
A voz ninguém divisava,
A senha não existia.

Eram os executados.
Quando? Como? Quem sabia?
O mundo já os viu deitados,
agora o mundo os erguia.

Executados por fardo?
No leito da amada, um dia?
Por algum golpe de estado?
Numa conversa ou litígio?
Numa batalha ou na esquina?

Eram os executados
que desde sempre partiram
e desde sempre chegavam.


Carlos Nejar

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