Essa que eu hei de amar perdidamente um dia,
será tão loura, e clara, e vagarosas, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer a luz e calor a esta alma escura e fria.
E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... — Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou. Olhei: um velho louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste...
E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,
mas ia tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”
Guilherme de Almeida
(De Messidor, 1935)
será tão loura, e clara, e vagarosas, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer a luz e calor a esta alma escura e fria.
E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... — Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou. Olhei: um velho louro,
e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste...
E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,
mas ia tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”
Guilherme de Almeida
(De Messidor, 1935)
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