Quando eu nasci, não foi em berço de ouro
Meu pai, minha mãe, não tinham tesouro
A casa era simples, sem luxo, em exagero
O chão não tinha piso, no banheiro, nem chuveiro!
Meus irmãos usavam os mesmos calçados
Pés no chão, muita pipa, muita emoção
Mas dinheiro, que é bom, tinha não!
Tinha angu no prato, balanço
Descanso no colo da mãe
chinelada na hora certa
conselho do pai, também tinha
mas carne, queijo, não havia
No prato, as vezes, só farinha!
Mas tinha livro, tinha conversa
Tinha lápis, tinha caderno, não tinha pressa
E a esperança de dias melhores
a gente encontrava na escola, na professora
na lousa, que hoje chamam de quadro
Cresci entendendo que o futuro estava ali
Não tinha outra saída, estudar era preciso
estudar era o que havia
E no livro estava o mundo
No livro estava a liberdade, a certeza de melhores dias
E quando me vi adulta
Me vi na estrada, restou o que minha mãe dizia:
estude menina,
seja feliz um dia
A voz de minha mãe, não tenho mais
os conselhos do meu pai, também não
Mas o que aprendi com eles, tenho aqui, no coração
Hoje sei que estudar me fez diferente
Que estudar me ensinou a ver
o mundo de maneira mais coerente
e continuo aprendendo
porque aprender é um exercício diário, um mudar-se todo dia
e assim me faço melhor
como minha mãe queria!
Claudia Maria
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