Tive que ser forte pra fugir do golpe
me esquivar pra esquerda pra evitar a queda
e driblar a espada e escuta escusa
e usar o escudo à lança pontiaguda
Tive que ser bravo pra estancar o sangue
sem anestesia arrancar o grampo
que tal como tora me feria a pele
a mira certeira do martelo soberano
Tive que ser ágil pra escapar das cordas
dos reacionários e dos cães raivosos
Tive que escutar um discurso de ódio
e temer a tônica da ameaça
Tive outra vez que ali tomar a praça
pra que a força fosse a do debate
pra que não houvesse outro ato covarde
como no nocaute de sessenta e quatro
Tive que sair do gancho e do direto
e fazer valer o Estado Democrático
e do que no voto ficou decidido
antes de haver contagem regressiva
e numa mordida me levarem à lona
tal qual Mike Tyson a Hollifield
Tive que contar com a presença da massa
pra então lutar contra posturas rasas
e correr na rua tal como Balboa
sob chuva forte, vento ou garoa
e me perfilar sobre as escadarias
defender as cores da democracia
do ponto mais alto do clamado pódio
só bradar a todos que não vai ter golpe
Alan Salgueiro
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