Não há
pequenos ou maiorais
Sem
plebeus ou fariseus
Não tem
eus ou meus
Entre
os cantos e o silêncio ensurdecedor
Num
instante o olhar rápido assustado
O olhar
século fotográfico de torcedor
As
bandeiras de vários significados
Na
esperança que nascem aos domingos
Com os
embates de camisas e chuteiras
Entre
as odiosas botinadas do inimigo
Como
ordens patrícias de uma semana inteira
O toque
humano divino, o drible torto de deus
De quem
se liberta de uma marcação diabólica
Os
súditos contemplam o Olimpo de Zeus
Com
suas verdades simbólicas
A
tensão superintensiva dos rostos
A
incompreensão da rivalidade, dos opostos
O
abraço amigo extensivo do desconhecido
Com um
sorriso desarmado, aberto e despido
Dos
preconceitos e cada realidade
Não há
doutores, não há idades
Vivendo
a força da uniformidade
Com as
cores da cumplicidade
E na
frieza cortante da defesa
Em que
olhos são como mãos
Num
piscar para certeza
Acentuam
as batidas dos corações
Na
trégua dos nobres no intervalo
Para os
ajustes e o descanso
Que no
apito a justa tem seu embalo
De uma
batalha sem remanso
Perto
dos instantes finais
Da reza
as lembranças ancestrais
Uma
cabeçada ou um chute imortal
Qualquer
coisa perto do igual
Um lado
vibra outro morre
Com o
gol que muda o escore
Mas a cor
como a dor e alegria forte
Somos
todos iguais no futebol e na morte
Henrique
Rodrigues Soares – Horas de Silêncio.
Janeiro
2015.
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