A primeira vez que vi o trem,
Não me lembro bem quantos anos tinha
Talvez 3, talvez 6, talvez mais
Mais se da idade não me lembro
Lembro muito bem da impressão
Minha mãe me segurava pela mão
E quase perdi o fôlego quando vi
Para mim era enorme, imenso
Carregado de segredos, de possibilidades, de medos...
E quando, de repente, a porta abriu
Com tanta gente saindo e entrando
Me senti engolido, abduzido, desaparecido
Naquela massa de gente!
A paisagem ia passando depressa demais
Mal dava para ver o que tinha lá fora
E a sensação era de que nunca mais sairia dali
Estava finalmente longe de tudo
Minha mãe já parecia um borrão
Assim como cada estação que por mim passava
Estaria eu parado e as estações andando?
Quando finalmente a viagem chegou ao fim
Tudo era diferente, nada seria como antes
E o trem parecia nem se importar comigo
Saia de novo a “engolir” e “cuspir” mais gente
Claudia Maria