Foste o continente do ouro e do sabão
E teus filhos os filhos da fome e do chocote
Em tempos muitos que já lá vão
Em tuas terras floresceram as riquezas
E teus filhos
( então filhos do tam-tam e do sol)
viveram a felicidade do não à exploração
então vieram caravelas
trazendo homens de cor estranha
( e estranhos pensamentos )
que cobiçaram a força simples
dos teus filhos perfeitos
e descendo um a um
os degraus do vicio da corrupção e da traição
começaram a comprar e vender teus filhos
não mais homens
não mais africanos
abjectamente escravos
barracões
navios negreiros
porões
sol suor chicote morte
e homens animais
( sub-homens )
é tudo o que de ti narra a história
nessa época de genocídio em solo africano
até que a escravatura passou
( os escravos porém ficaram )
ouro diamante petróleo
teu solo era rico
e homens cada vez mais abjectos
cada vez mais queriam possuir teus bens
e ficou-nos
( gravada a ferro e fogo)
a memória do colonialismo
abismo sem fim de miséria servidão e ultraje
os anos rolaram sobre ti
continente exangue
até que o vento da revolução
soprou forte sobre o mundo
por ti
bandung deu o sinal
anunciando grandes mudanças
para as terras martirizadas de África
depois
teus filhos foram quebrando
as amarras que os prendiam
e
um a um
voltaram para ti
destruindo à passagem
os mitos que os opressores criaram
para que os pudessem
impunes
dominar
eis-nos agora África
os povos da guiné e caboverde
dos últimos dos teus filhos cativos
para nós a hora soou
quando o nosso povo gerou Cabral
e viu correr o sangue de pidjiguiti
eis-nos aqui África
e de joelhos sobre esta terra mártir
por ti
por nós
por todos
cantaremos hinos de louvor e esperança
Vera Duarte
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