Marinha














Teu corpo é mar
com frêmitos frescos de ondas
e fosforescência de espumas.

Teu corpo é profundidade equórea,
filtrando sol,
mas cheia de sombras vivas
de sargaços, anêmonas, corais.

Quando ele me envolve, é totalmente,
mortalmente.
Anula-me no que sou.
Reduz-me a uma alga inerte
que não sabe do seu destino
no seio do imenso balouço imemorial.

E quando retorno do mergulho trágico,
teu corpo escorre de mim, como uma túnica líquida.
Só então, volto a ser de novo,
respiro o grande ar da vida.

Teu corpo é abismo equóreo,
teu corpo é mar...


Tasso da Silveira

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