E húmida, uma secreção intumescendo
A haste da figueira e o figo único
Que a boca rasga;
Não é aqui a saga de Thor, nem a espada
De Tristão, flácida.
Dobra-se o herói de lava e, em rotação de si,
Abraça o fogo petrificado.
E teme o gelo à deriva no mar, as palavras
Brancas, o sal que escorre
- alguém disse: “da terra, de onde sois” –
seu corpo aberto em fissuras cósmicas
ou lucernário; Ele que se metamorfoseou
em relâmpago e breve sabia como derivam
no tempo os frutos e o seu esplendor;
O figo único que a palavra rasga.
Luis Carlos Patraquim, O Osso Côncavo e outros poemas, Lisboa: Caminho, 2004, p.50, 93-4, 130
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