Boca temporã





















A boca temporã, nessa risada
matinal, descuidosa, a linda boca
fresca de céu, perdidamente louca
pelo desejo apenas esmagada...


Nela respira ingênua madrugada,
a carne azul dos campos mal dormidos,
rios, aguadas, vila despertada
pelos ventos do alto, comovidos...


Nessa boca que aos poucos madurando
se oferece na árvore travessa,
vejo dormir as frutas assustadas,


as frutas sumarentas despontando.
Agasalhar no colo essa cabeça,
depois sair sonhando nas estradas.


Alphonsus de Guimaraens Filho

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