Cidade Grande

















O menino branco sobe o morro pra comprar preto
o preto desce o morro pra vender branco
os bandidos enquadram na parede
vigiam seus domínios
A policia foge em retirada das terras do latrocínio
As praças, as ruínas, os mendigos pedem esmolas
As igrejas falam de um Deus rico e pede-se em sacolas


Nossos jovens criam um novo alfabeto
nas paredes de prédio e monumentos
criam uma nova selva
da morte tiram seu divertimento
os tempos medievais voltaram
falta apenas a lealdade e a honra


Menina, nesta boca que masca chicretes
muitas coisas podes fazer
muitas coisas podes falar
tua glória e tua perdição
Menina nua, mostra teu corpo para quem?
mostre tua face escondida...
as faces do rubor de tua inocência


As ruas rugem teu destino
as ruas são teus deuses
O teu corpo fascina
os escravos
do desejo carnal.


Henrique Rodrigues Soares - Romaria Lírica

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