Amor à Camisa
Fala-se que saudosismo é viver do passado, que se deve sempre pensar no futuro.
Porém, se olharmos para o esporte - para o futebol em particular - não há como não ser saudosista, pois antigamente se jogava o futebol verdadeiro e existia o chamado amor à camisa.
Pode-se perguntar qual a diferença entre as épocas; hoje os craques, após uma vitória, desmancham-se em manifestações de amor, beijando a camisa, jogando-a para a torcida, juntamente com beijinhos mil. Dirão os anti-saudosistas: não é isso amor à camisa? Será? Este mesmo craque que hoje beija a camisa do São Paulo, amanhã estará fazendo o mesmo com a camisa do Santos e comemorando um gol contra o São Paulo. Dirão: isso é profissionalismo. Sim, o amor à camisa infelizmente foi substituído pelo amor ao DINHEIRO.
Antigamente, cultivava-se o verdadeiro amor à camisa, pois os jogadores permaneciam anos a fio jogando pelo mesmo time. Os torcedores conheciam as escalações de cor e salteado. Qual são paulino da velha guarda não se lembra das escalações dos anos 40 e 50? De Luizinho, Sastre, Leonidas, Remo, Teixeirinha, Bauer, Rui, Noronha? Qual palmeirense não se lembra de Oberdã, Junqueira, Begliomini, Viladoniga, Lima, Aquiles, Canhotinho? E os corintianos, de Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone, Mário, Brandão? Foram jogadores que praticamente viveram suas carreiras em um único time.
Isso sim, era amor à camisa. Os profissionais da época conseguiam sentir amor pelo time, vibravam de verdade com as vitórias e choravam nas derrotas. Hoje, nas derrotas, só lamentam o bicho perdido. Não se pode criticar somente os jogadores pela lamentável perda do amor à camisa. Os maiores culpados são os dirigentes dos clubes que, visando tirar as maiores vantagens possíveis, não hesitam em se desfazer dos ídolos das torcidas, deixando-as órfãs, sem saber a escalação do time no semestre seguinte.
Bom algo mais sobre esse assunto, e outros mais, fica para uma próxima crônica, sobre SAUDOSISMO, Quantas saudades do amor à camisa.
Marcial Salaverry
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