cheguei no arraial com uma bota tão avançada
que mal o descasquei do papel
e já estava nas VII léguas, caçando fernão,
chorando por nego - que ficou para trás -
e por menino do seu nego – foge, menino!
vendo cocares dançando na mata,
querendo que o conde morra cedo.


(eita, que eu devorei, ligeira, ligeiro,
umas tantas, com os olhos)

tanta palavra bonita, essa menina
que não sei armar direito o elogio:
pra mim, até onde miro as letras
você é a melhor desses tempos
magros, medrosos, melancólicos,
cheios ainda do sumo das canas
que esse povo sujo e feio, a nobreza,
os cheios de si senhores, faziam moer,
da terra que mandavam cavoucar até doer:
feridas, samboques, minas.

e nunca nada dessa miséria
parece desaparecer – tenebrosa herança
de sangue – que el rei mandou dizer.

eu digo só: muito obrigada, poeta.
(e historiadora).


Adriane Garcia

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