O pequenino livro em que me atrevo
a mudar numa trêmula cantiga
todo o nosso romance, ó minha amiga
será, mais tarde, nosso eterno enlevo.
Tudo o que fui, tudo o que foste
eu devo dizer-te: e tu consentirás que o diga,
que te relembre nossa vida antiga,
nos dolorosos versos que te escrevo.
Quando, velhos e tristes, na memória
rebuscarmos a triste e velha história
dos nossos pobres corações defuntos,
que estes versos, nas horas de saudade,
prolonguem numa doce eternidade
os poucos meses que vivemos juntos.
Guilherme de Almeida - da obra original “Nós” (1914-1917). Extraído de Sonetos/ Guilherme de Almeida, Imprensa Oficial, São Paulo (SP) Brasil, 2ª edição, pág. 21.
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