Pôr nos olhos uma venda
não veda minha existência
A mordaça não vai te fazer
desaprender as palavras
Nem os tampões pros ouvidos
evitarão o ruído
em sua cabeça
da minha fala
Tudo que tu lutas
na tua mente
pra virar esquecimento
são as lembranças
mais fortes
daquelas que deixam marcas
Não é como extirpar o tumor
Remédio que cura na hora da dor
Eliminar gorduras localizadas
ou sinal de nascença
tatuagem ou doença que se trata
a raio laser e pomada
que o corpo elimina
que uma droga arrebata
Não há tempo
que destrua o teu futuro
Nem cadernos
que remexam teu passado
Não há como abdicar
do teu legado
somos feito prédios
construídos de histórias
anos e andares e alicerces
de estruturas anteriores
Eu nem vou pedir clamor eterno
Pois não tenho pretensão perpétua
Não quero virar uma estátua
Nem figurar em nome de rua
Nem frase de efeito
escrita à lápide
Não se justifica o delito
Não é entendível o delete
Como se fosse fácil
Disjuntor de lâmpada
Ideia de gênio
Como se o escuro curasse
e apagasse o fogo
Como se não permanecesse
ainda assim
um brilho fosco
Alan Salgueiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário