Coletivo
composto
de seres
individuais.
O ser humano,
em si mesmo,
é uma Ilha.
Sujeito que a tudo conhece
e não é conhecido por ninguém.
Divindade pulsante.
Ser humano não é uno.
Luta com seus múltiplos
por uma unidade fictícia:
bem/mal
alto/baixo
gordo/magro
quente/frio
imortal/perecível.
E na própria individualidade
torna-se coletivo e caótico:
ama e odeia e gosta e rechaça
e chora e ri
Tudo num único ato.
Por ser híbrido, o caos humano é coerente.
Mantém em equilíbrio os muitos seres existentes
dentro de um só corpo.
Esse corpo confuso
Habitados por múltiplas moléculas
exteriorizam fenótipos: templo da aparência.
A aparência atrai ou repele.
Na sociedade dos néscios,
confecciona esteriótipos.
Julga-se por ela, indiscriminadamente.
Nada vão te perguntar
Mas te acolhem ou tolhem
pela espessura dos lábios,
pelo bíceps malhado,
pelo glúteo empinado
pela tonalidade da cútis
ou nada disso.
Mas, independentemente se somos feios,
bonitos, gordos, magros, malhados, morenos,
loiros ou pançudos
O fator determinante é o caráter.
Estética não determina caráter.
A beleza advinda da ética não é perceptível
aos olhos consumistas e materialistas,
pois a tudo e todos tratam como um prato de carne,
uma peça de vestuário a ser trocada
ou como um novo aparelho eletrônico a ser adquirido.
Olhos materialistas só sabem ler
o que está escrito nas formas moldadas e estabelecidas
para todo o restante; para todo o entorno e arredores
são analfabetos.
Dizem que há poetas materialistas.
Mas aqui no meu isolamento
ainda creio que poetas são amigos do sol,
conversam com vento,
bebem chuva
e enxergam além dos moldes das linhas;
alcançam entrelinhas.
Aqui no meu isolamento
poeta é aquele ser que transcende a matéria
que escuta o não dito
e fala idiomas que ainda não existem.
Paula Beatriz Albuquerque