Romance
Subiam do silêncio do jardim,
para a janela aberta do aposento,
perfumes brancos, de jasmim...
Dentro, num ritmo sonolento,
alguém abria o luar de um noturno nevoento
sobre o teclado de marfim.
Depois, um beijo alto e violento...
E houve por tudo um estremecimento,
uma angústia de fim...
E o beijo, num momento,
misturou-se ao perfume do jasmim
e ao noturno nevoento
que ressoava no aposento...
Hoje, para evocar o que passou, assim
como tudo que passa ao vento,
alguém acorda no teclado de marfim
um noturno nevoento...
E, da janela do aposento
sobre o siloêncio do aposento
sobre o silêncio do jardim,
procura aquele beijo violento
num perfume de jasmim...
Onestaldo de Pennafort
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