Voltada sobre o pano, a moça borda
a infância e seus jardins, os dias claros,
as despedidas na ponte dos poentes,
a magia da noite, os seus cavalos.
Como evitar a morte, a mão que borda,
ao sereno lençol que, nu, aguarda
a forma de seu sonho, humilde, indaga,
senão amando e se tornando amada?
O fio compõe a lenda, sobre o linho,
do capim trescalante e o rio da tarde
que banhava a colina e os dois amantes.
Mas, por saber no amor eternizado
o que a morte vencer não pode mais,
a mão desfaz os pontos já bordados.
Alberto da Costa e Silva
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