puderes, com a exaustão do corpo o solo rega!
Vês-me? fui sempre assim: se me fatigo, canto,
se o meu corpo trabalha, a minh'alma sossega!
Se a vida te pedir ainda o teu
sangue, pega
do corpo e rasga-o nos espinhos com um santo!
O teu sangue e o teu suor de herança à vida lega
e viverás feliz como que por encanto!
Vês-me? por que é que vivo ainda, ante o teu espanto?
porque me esqueço da alma e dou o corpo à refrega!
Mas se a vida pedir-te uma lágrima, nega!
mas nunca dês à vida o suor d'alma que é pranto!
Ela não o vê nem ouve, ela é surda, ela é cega
a vida e toda, toda em si não vale tanto!...
Attilio Milano - In Todos os Poemas