Na poética mansidão da madrugada
Na poética mansidão da madrugada
Sonhos se refugiam na inquietação da alma.
A lua, farol iluminado ao longe
Hoje é quem me faz companhia.
A olhar as estrelas por entre nuvens.
Uma lágrima cai, mas não podem vê-la
Porque é da alma que sai…
Há noites assim,
Em que os corpos não se pedem,
São noites brandas de desejo,
Mãos que repousam em palavras de paz.
A cada noite numa folha branca
Os versos pedem para nascer na
Mansa inquietação com que me cubro
Nos dias em que não estás…
Sônia Schmorantz
Remanso
Cismo a paz no silêncio do jardim,
apenas quebrado pelo chilrear de pássaros,
remanso da tarde que passa como brisa,
leve e cristalina, em paz comigo mesma.
A vida vai seguindo seu rumo,
segue este remanso lento, como rio
que corre sempre para o mar.
Vai na força da vida, amansando o coração,
como água que encharca a terra,
como asa veloz que atravessa o céu,
sem ruído, desfazendo-se em laços,
na nua aurora que cobre o poente.
Do remanso nascem as palavras,
tal como pássaros, nascem aladas,
aprendendo a voar em busca de sonhos,
falam da cor da flor, do gosto do amor,
numa rima vadia lanceada de ternura,
um poema ainda não dito a tecer vagas
incessantes de memórias de quem habita
entre o ontem e o amanhã de um dia iluminado,
luz indulgente que alumia a porta entreaberta
da poesia.
Sônia Schmorantz
Notívaga
Sou notívaga, perambulo nas madrugadas
como as corujas, empertigadas, em cima dos muros.
Ouço os sons da madrugada, os que estão fora e
os que tenho dentro de mim.
Silêncios quebrados por sons de pássaros noturnos,
pessoas que passam, chave na fechadura, criança que chora.
Cortam a madrugada o choro dos amores mal resolvidos,
Os sonhos ainda não vividos, o som de risos perdidos na memória.
A madrugada está cheia de sons, música transcendental, natural
que não precisa de cordas ou teclas, vem no assobio do vento
ou nos acordes dos pingos de chuva na velha calha.
Não sei que hora o relógio marca, sei que estou acordada,
que o poema não deixa de ser uma oração silenciosa,
será que Deus ouve melhor nessa hora?
Resta depois esta vontade de chorar diante da beleza,
Resta esta súbita saudade de tudo e de nada,
até que os sons se esmaeçam enternecidos no sono
que finalmente chega…
Sônia Schmorantz
Assinar:
Postagens (Atom)
O Tempo seca o Amor
O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a ...

Nos últimos 30 dias.
-
E o homem seguiu entre guizos falsos. Trazia no rosto uma sofreguidão de charcos. Era noite e os fantasmas enl...
-
Lembranças saudosas, se cuidais De me acabar a vida neste estado, Não vivo com meu mal tão enganado, Que não...
-
Navegar em liberdade é ir como não se sabe onde o ímpeto quiser. O corpo viaja na cama e o amor toma carona se no cora...
-
Por enquanto sou pequeno, muita coisa eu não sei. Eu só sei que estou gostando deste mundo onde eu cheguei....
-
A avó tem uma máquina de costura que foi da mãe da sua mãe, da sua avó. A avó pedala a máquina e costura rendas na barra d...
-
Há as que nasceram nesta casa, Há as que oram como brasa. Elas nos oram em seu ventre. Oram pelos qu...
-
Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) — sem nome. Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé. Insetos errado...
-
Há um menino Há um moleque Morando sempre no meu coração Toda vez que o adulto balança Ele vem pra me dar a mão ...
-
Amanhã! Quero andar sobre as águas. Quero descansar no tempo sem idades Quero com minha funda vencer o...
-
O tempo Pega a alma Da gente Entretece Ao redor Uma crosta Faz dela ostra Vez por outra (Excepcionalmente) Coloca dentro Uma pérola (Não...