‘A media luz’
Sempre reneguei o tango
e os entusiastas de Gardel,
(longe de mim a passional postura
eivada de desolação e dor),
o amor sempre em mim a eterna nuvem
e um campo de mais alvos lírios
onde jamais choveu.
Cerrei as tendas, afastei o bruxo,
mas na contrapartida
adiei o fruto, me ceguei à cor.
Violinos eternos , bandoneóns ,
toquem-me hoje um tango crepuscular
e tardio, toquem, que desaprendi
o me bastar e o meu cismar sozinho,
à meia-luz
meu coração
são girassóis que dançam -
todo chama, e torvelinho.
Fernando Campanella
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