Soneto (à Franz Kappus)















Treme sem queixa por meu coração,
sem suspiro, uma dor muito sombria.
Só dos sonhos a nívea floração
é a festa de algum mais tranqüilo dia.

Tanta vez a grande interrogação
se me depara! Encolho-me, e com fria
timidez passo, como passaria
por bravo mar, sem aproximação.

Desce, então, sobre mim, turva amargura
como esses céus cinzentos de verão
Onde uma estrela às vezes estremece.

Tateantes, minhas mãos vão à procura
do amor, buscam palavras da oração
Que meu lábio deseja e não conhece.

.


Sonnet
(Franz Kappus)

Durch mein Leben Zittert ohne Klage,
ohne Seufzer ein tiefdunkles Weh
Meiner Träume reiner Blütenschnee
ist die Weihe menier stillsten Tage.

Öfter aber kreuzt die große Frage
Meinen Pfad. Ich werde klein und geh
kalt vorüber wie an einem See,
dessen Flut ich nicht zu messen wage.

Und dann sinkt win Leid auf mich, so trüble
wie das Grau galanzarmer Sommernächte,
die ein Stern durchflimmert – dann und wann – :

Mein Hände tasten dann nach Liebe,
weil ich gerne Laute beten möchte,
die mein heißer Mund nicht finden kann…

Rainer Maria Rilke, 
em “Carta nº 7′ – Cartas a um jovem poeta.” [tradução Paulo Rónai]. in: RILKE, Rainer Maria. Cartas a um jovem poeta. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke. [tradução Paulo Rónai e Cecília Meireles]. 22ª ed., São Paulo: Globo, 1995.

O Tempo seca o Amor

O tempo seca a beleza, seca o amor, seca as palavras. Deixa tudo solto, leve, desunido para sempre como as areias nas águas. O tempo seca a ...

Nos últimos 30 dias.