O mundo






















Insuportável mundo! A obter e jogar fora,
nós arrasamos, tarde ou não, nosso vigor:
pouco de nosso vemos, natureza afora;
demos o coração, em sórdido favor!
O mar que à Lua mostra o peito, em seu fragor;
os ventos que estarão uivando a toda hora,
mas, como flores a dormir, calam-se agora:
nada nos move: eu preferia, Deus senhor,
pois que nosso ânimo com coisa alguma afina,
ser um pagão nutrido em gasta, anciã doutrina,
para que me sentisse menos desvalido
ao vislumbrar rápidos vultos na campina:
queria ver Proteu, do azul do mar surgido,
e ouvir Tritão soprar o búzio retorcido.


The world is too much with us; late and soon

The world is too much with us; late and soon,
Qetting and spending, we lay waste our powers:
Little we see in Nature that is ours;
We have given our hearts away, a sordid boon!
The Sea that bares her bosom to the moon;
The winds that will be howling at all hours,
And are up-gathered now like sleeping flowers,
For this, for everything, we are out of time;
It moves us not. – Great God! I’d rather be
A pagan suckled in a creed outwom;
So might I, standing on this pleasant lea,
Have glimpses that would make me less forlon;
Have sight of Proteus rising from the sea;
Or hear old Triton blow his wreathèd horn.


William Wordsworth.
WORDSWORTH, William. The world is too much with us; late and soon / O Mundo. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. In: CHAUCER, Geoffrey et al. Poetas da Inglaterra. Edição bilíngue. Tradução e notas de Péricles Eugênio da Silva Ramos em colaboração com Paulo Vizioli. São Bernardo do Campo, SP: Secretaria da Cultura, Esporte e Turismo do Estado de São Paulo; Bandeirante S. A. Indústria Gráfica, dez. 1970. Em inglês: p. 150; em português: p. 151.

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