Soneto II





















Passados quarenta invernos sobre a tua fronte,
Após cavarem fundos sulcos nos vergéis de tua beleza,
O vigor de tua orgulhosa juventude, hoje tão admirada,
Será um esmaecido ramo sem nenhum valor.


Então, ao te perguntarem onde está o teu encanto,
Onde está a riqueza de teus luxuriosos dias,
Respondes, com olhos fundos,
Que não passaram de vergonha e descabidos elogios.

Que louvores mereciam o uso de teus dotes,
Se pudesses responder: “Este belo filho meu
Me vingará, e justificará todos os meus atos”,

E provará ter herdado de ti toda a formosura.
Isto farás de novo quando fores mais velha,
E o sangue te aquecer quando te sentires fria.




Sonnets 2

When forty winters shall besiege thy brow,
And dig deep trenches in thy beauty's field,
Thy youth's proud livery so gazed on now,
Will be a tattered weed of small worth held:

Then being asked, where all thy beauty lies,
Where all the treasure of thy lusty days;
To say within thine own deep sunken eyes,
Were an all-eating shame, and thriftless praise.

How much more praise deserved thy beauty's use,
If thou couldst answer 'This fair child of mine
Shall sum my count, and make my old excuse'
Proving his beauty by succession thine.

This were to be new made when thou art old,
And see thy blood warm when thou feel'st it cold.


William Shakespeare - Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta

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